Quinta do Ferro em Exposição na Porto Design Biennale
Plano Urbano da Quinta do Ferro / 2016 - ? / Lisboa
A Quinta do Ferro é um bairro de Lisboa que ficou entre desenvolvimentos. A maioria dos lotes construídos são privados, os não construídos públicos. Entre senhorios e inquilinos há relações de décadas e contratos de arrendamento que se fazem conversando. A radicalização da liberalização dos contratos de arrendamento não se generalizou na Quinta do Ferro, que acabou a acolher algumas vítimas da gentrificação de outros bairros.
O plano urbano para a Quinta do Ferro é a história de uma associação que junta moradores e proprietários, um processo participativo e uma cooperativa de arquitectos que lhe deu forma entre 2016 e 2018. Da luta pelo direito à habitação, pelo direito ao lugar e pelo direito a que todos e todas possam manter-se proprietários perante a avidez dos fundos imobiliários e a autarquia que pretende exercer o seu poder de colocar todos os recantos da cidade esquecida na roda viva do imobiliário.
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Wild Care
Cuidar Selvagem
17/06 - 22/07/2021
Arquiteturas de Amor e Correspondência
Cuidar Selvagem toma as ideias de cuidar e de responsabilidade nas práticas espaciais, para investigar arquiteturas do encontro, da atenção e do cuidado. A exposição reúne uma seleção de histórias de amor, correspondência e compromisso que partilham uma ética de cuidado com o possível e o impossível, movidas por uma força entrópica que resiste ao controle burocrático e ao derrotismo.
Inspirada no entendimento de Jack Halberstam do conceito de ‘selvagem’ (wild), enquanto ontologia de resistência e de “espaço heterogéneo de poder estético”, a exposição reúne histórias de práticas que contribuem para fazer progredir a profusão de cuidado e de amor, no e sobre o planeta, como forma de resistir ao cinismo e à irresponsabilidade tóxica.
Combinando perspetivas críticas, ficcionais, situadas e performativas, estas histórias vão abordar a interação entre as matérias do cuidado nas suas formas nominais e verbais, compreendendo o cuidar como um fazer, enquanto ética situada e política da arquitetura, explorando assim o delicado poder da partilha anárquica: uma escuta ativa, um presente generoso e um encontro aberto.
Cuidar Selvagem visa religar o nosso entendimento do cuidar, repensando ‘o selvagem’ enquanto modo de (des)conhecer e renovar a nossa capacidade de assombro, dentro de uma relação corpo-a-corpo com o mundo e atravessando formas de vida além do humano.
Texto da curadoria de Alberto Altés e Ana Jara
Porto Design Biennale